Grande
centro de agricultura e pecuária que abastecia as zonas de mineração no período
do ouro, tornando-se depois uma espécie de entreposto da região circunvizinha -
Sant'Ana de São João Acima possuía grandes fazendas de criação e agricultura o
que explica o número considerável de escravos que habitavam o seu território.
Coevos
da Abolição calculam razoavelmente em cerca de um milhar a população que a Lei
Áurea libertou. Isso, para um pequeno distrito perdido no âmago do sertão
mineiro, dá uma ideia da importância econômica de Itaúna naquela época. O
comércio de escravos era feito com regularidade e em grandes proporções pela
família de João Francisco, do Cortume, pela firma Moreira e Filhos e outros,
sendo os maiores proprietários de escravaria o Cel. Manoel Gonçalves Cançado,
da fazenda da Cachoeira, hoje Santanense; Cel. Quintiliano Lopes Cançado, da
fazenda Antônio Jose de Siqueira e outros.
Gente
de religião e dotada de bons sentimentos, os itaunenses sempre foram senhores
compassivos para com os escravos. Havia pequenas exceções, cuja fama, é justo
notar, já nos chega um pouco exagerada pela tradição. Assim é que contam
horrores da fazenda da Bagagem, onde os escravos sofriam suplícios atrozes de
uma senhora sem entranhas, que foi a esposa do fazendeiro Custódio Coelho
Duarte. Até
há pouco tempo existiam efetivamente, na Bagagem, os instrumentos de castigo
para os negros que, não suportando mais os sofrimentos, dizem que se atiravam
no açude da fazenda, suicidando-se.
Imagem ilustrativa de fundo: Matt Botsford
TEXTO:
FILHO, João
Dornas. Itaúna: Contribuição para a História do Município. Belo Horizonte.
1936, p.33.
Foto: Brasiliana
Fotográfica
Pesquisa e
organização: Charles Aquino