A primeira missa era celebrada às 6h na Igreja da Matriz, momento que elas lembram ter participado antes de iniciarem o seu labor às 7h. Refletindo sobre a história de Santa Zita, uma das ex-domésticas relembrou as árduas horas que dedicou à casa dos patrões. Trabalhando incansavelmente sete dias por semana, carregou uma carga de trabalho superior a 8 horas por dia — “O patrão gostava de almoçar e jantar”. Contudo, para além das suas funções profissionais dentro das casas destas famílias, estas trabalhadoras domésticas também realizavam um trabalho afetivo e social, muitas vezes cuidando de crianças na ausência dos seus ocupados tutores.
Neste período específico, o Dr. Célio Soares de Oliveira, Prefeito Municipal em exercício, aprovou oficialmente a Lei nº 509, em 29 de março de 1960. O artigo primeiro desta lei concedia permissão para doação de um terreno na vila Nogueira Machado à "Associação de Santa Zita". Os artigos segundo e terceiro estipulavam que este terreno se destinava à construção de uma residência para “as domésticas idosas e desamparadas”. Porém, se nada fosse construído no prazo de três anos, o terreno reverteria a “Patrimônio Municipal”.
Já em 30 de janeiro de 1963, o prefeito alterou a Lei nº 509, passando pela Lei nº 627. A modificação refere-se especificamente ao artigo primeiro, que passou a ter a seguinte redação: “Fica o senhor Prefeito Municipal autorizado a doar à Associação de Santa Zita, 1 (um) lote de terreno com 600 m2 (seiscentos metros quadrados) [...] à Rua Antônio Orlando, nesta cidade”.
As fiéis seguidoras de Santa Zita de Itaúna relembraram com alegria as diversas visitas e trabalhos espirituais que realizaram ao lado do padre Netto em diferentes localidades de Itaúna, especialmente no Córrego do Soldado. Além disso, em 1972, o Cônego José Netto organizou uma “romaria” à Basílica de Nossa Senhora Aparecida com as “domésticas de Itaúna” durante o “Ano Marial”. Este evento reuniu devotos de todos os estados, que foram calorosamente recebidos pelo Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta. A história desta experiência inesquecível foi rememorada por todas em seus depoimentos.
Conta-se que aqueles que fizeram a “peregrinação” ao Santuário de Aparecida, buscando também a intercessão de Santa Zita, tiveram suas orações atendidas no mesmo ano. Ainda na década de 1972, um marco significativo foi alcançado com a promulgação da Lei 5.859/1972, que visava definir os direitos dos trabalhadores domésticos e garantir-lhes uma vida profissional mais digna. Uma devota seguidora de Santa Zita, diz se lembrar deste período, nos relata recordar vividamente, sobretudo, do momento em que cumpria diligentemente as suas tarefas diárias de limpeza e ouviu as notícias transmitidas pela rádio. Pouco depois, o seu empregador abordou-a e informou-a de que, a partir desse dia, ela teria direito a todos os benefícios exigidos pela lei recém-promulgada.
A ausência de Dona Ivolina Gonçalves foi profundamente sentida na esfera administrativa. Esta associação teve também o seu valor na ajuda às pessoas que se encontravam desempregadas, onde eram recomendadas, muitas vezes pela administradora, que rapidamente conseguia colocá-las num local de trabalho “casa de família”. Com a morte da coordenadora em 1977, o grupo ficou disperso e não deu mais seguimento com a Associação.
O compromisso inabalável da virgem de Lucca com a caridade cristã conquistou seu amplo reconhecimento entre os pobres. Apesar de viver do trabalho, ela permaneceu firme em sua missão. Ao longo da sua vida, Santa Zita dedicou-se a prestar assistência aos menos favorecidos e aos doentes. Esta devoção altruísta persistiu até a sua morte, aos sessenta anos, em 27 de abril de 1278.
Com o passar dos anos, a notícia de sua santidade se espalhou e, em 1652, um fato surpreendente foi revelado após a exumação de seu corpo — estava perfeitamente conservado, desprovido de quaisquer sinais de decomposição, o cadáver havia secado e transformado em estado mumificado. Assim, este acontecimento extraordinário solidificou a sua canonização em 1696, sancionada pelo Papa Inocêncio XII. Em 11 de março de 1955, o Papa Pio XII proclamou Santa Zita "protetora universal das servas” ou “padroeira das empregadas domésticas”.
Atualmente, seu corpo continua repousando em uma capela que leva seu nome, encerrada em um relicário de vidro, venerado pelos devotos, localizada no interior da Basílica de São Frediano, igreja romana em Lucca, na Itália. Hoje recordamos também o 746º aniversário da morte desta santa medieval que viveu no século XIII e continua a viver no coração dos seus fiéis.
Assim, utilizando registros imagéticos, relatos orais, fontes primárias e impressas, reunimos informações valiosas sobre esta associação e essas incríveis trabalhadoras domésticas, que consideramos um testemunho significativo dos aspectos tangíveis e intangíveis do patrimônio cultural de Itaúna.
Primeiro grupo da Associação de Santa Zita em Itaúna
Razão Social: Associação Santa Zita: CNPJ: 16.814.329/0001-26
https://santo.cancaonova.com/santo/santa-zita.
https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-santa-zita/371/102/
https://www.youtube.com/watch?v=u2TzPFfgpSo
https://www.scielo.br/j/vh/a/M5MrzLFGbJjTkWkxB8CTqgx/?format=html&lang=pt